Medicina Clínica High Tech: Parte 1 de uma Série de 3

MBE em Foco - Volume 12, Issue 7

Conclusão prática: O uso da inteligência artificial (IA) para a documentação médica ainda não está exatamente pronto para estrear.

Pérola da MBE: O cuidado informado por evidências baseia-se em três pilares: experiência do médico, aplicação das melhores pesquisas disponíveis, e valores e preferências do paciente.

A tecnologia pode ser transformadora, mas nem tudo que é novo é necessariamente melhor. As novas tecnologias prometem aliviar a carga de trabalho administrativo, auxiliar na busca de informações baseadas em evidências e fornecer novas modalidades diagnósticas, mas os questionamentos sobre acurácia, responsabilidade e tendenciosidade na programação permanecem, levantando questões sobre como os algoritmos moldam aquilo que vemos e confiamos.

A partir de hoje, nos próximos três dias descreveremos três exemplos recentes em que a alta tecnologia deixa um pouco a desejar. Esses cenários exemplificam temas fundamentais para a saúde do século 21:

  • Dia 1: "High tech, high touch"
  • Dia 2: "Se você ganha algo de graça na internet, pode ser que o produto seja você."
  • Dia 3: "A IA não substituirá os humanos, mas aqueles que a usam substituirão aqueles que não a usam."

"High tech, high touch"

No início dos anos 2000, quando os prontuários eletrônicos estavam se tornando verdadeiramente populares, rapidamente percebeu-se que a documentação digital leva mais tempo e é mais quantificável; afinal, os gestores e os advogados sempre repetem: "se não estiver escrito, não aconteceu". Durante esse período, frequentemente escutávamos "alta tecnologia, alto em toque", uma frase que nos lembrava que, além de digitar todos os detalhes pertinentes enquanto na frente do computador, precisávamos conscientemente nos certificar de dedicar tempo a dar atenção total aos nossos pacientes. Esse malabarismo constante entre a inserção de dados e o cuidado real dos nossos pacientes é exaustivo e potencialmente está relacionado ao aumento do burnout dos médicos nos últimos anos.

Eric Topol, chefe do Instituto Scripps, afirmou que "a IA (...) é a oportunidade para restaurar a preciosa e consagrada conexão e confiança—o toque humano—entre médicos e pacientes." Isso pode ser verdade até certo ponto. Mas uma revisão de escopo publicada na revista Cureus observou que, embora as tecnologias e aplicativos de IA possam reduzir certas tarefas de documentação, eles apresentam novos desafios à acurácia, à responsabilidade legal e à integração aos registros médicos. Da mesma forma, um estudo qualitativo baseado em entrevistas com profissionais de saúde publicado no JAMA Network Open sugeriu que os escribas ambientes com IA podem melhorar a eficiência da transcrição, mas a acurácia na documentação dos atendimentos aos pacientes ainda exigiu edição e releitura consideráveis. Então, ainda não chegamos lá. O discernimento clínico ainda é necessário no trabalho de documentação.

Equipe editorial do MBE em Foco da DynaMed

Este MBE em Foco foi escrito por Dan Randall, MD, MPH, FACP, editor adjunto sênior da DynaMed. Editado por Alan Ehrlich, MD, FAAFP, editor executivo da DynaMed e professor associado de Medicina de Família na faculdade de medicina da Universidade de Massachusetts; Katharine DeGeorge, MD, MSc, editora adjunta sênior da DynaMed e professora associada de Medicina de Família na Universidade da Virgínia; Gayle Sulik, PhD, editora médica sênior e líder da equipe de cuidados paliativos da DynaMed; McKenzie Ferguson, PharmD, BCPS, redatora médica sênior da DynaMed; Rich Lamkin, MPH, MPAS, PA-C, redator médico da DynaMed; Matthew Lavoie, BA, revisor médico sênior da DynaMed; Hannah Ekeh, MA, editora associada sênior II da DynaMed; e Jennifer Wallace, BA, editora associada sênior da DynaMed. Traduzido para o português por Cauê Monaco, MD, MSc, docente do curso de medicina do Centro Universitário São Camilo.